Charles Tart

"Quem quer que pense que o cérebro é a resposta total é ignorante."
----Charles Tart

Charles Tart, Ph.D., é conhecido pelos seus trabalhos sobre sonho lucido, projeção astral, LSD e PES. Reformou-se dpo Dep. de Psicologia da Universidade da California em Davis e é agora associado do Institute of Transpersonal Psychology. Recentemente, Tart teve o jackpot quando conheceu Robert Bigelow, um muito rico homem de negócios de Las Vegas com queda para custear pesquisa paranormal. Bigelow deu quase 4 milhões de dólares à Universidade de Nevada em Las Vegas em troca de estabelecerem o Bigelow Chair of Consciousness Studies, um nome fino para parapsicólogos como Charles Tart, a quem foi dado 100.000 dólares para desenvolver o curriculum deste curso e ensinar algumas turmas. Tart planeia iluminar os alunos com assuntos como sonhos, meditação, hipnose, experiencias fora-do-corpo, telepatia e outros temas populares como estados alterados de consciencia induzidos por drogas.

No inicio da sua carreira, Tart editou um texto de psicologia, Altered States of Consciousness (New York: John Wiley & Sons, Inc.: 1969) e vários artigos na sua antologia. Tart definiu um "estado alterado de consciência" (EAC) como aquele em que o individuo "claramente sente um salto qualitativo nos seus padrões de funcionamento mental." Para os que preferem um definição behavioristica, ele oferece a seguinte: "um EAC é uma construção hipotética invocada quando o comportamento (incluindo o verbal) é radicalmente diferente do ordinário." Tart acredita que o Yoga e o Zen tem tido a ver com os EAC e que há algo de mistico ou espiritual, algo superior acerca destes estados alterados. Para Tart, os EAC são uma passagem para uma consciência superior, o limiar para o paranormal e o espiritual.

Tart considerou uma pessoa hipnotizada como estando num estado alterado e um dos mais bizarros usos da hipnose é descrita no seu artigo, "Psychedelic Experiences Associated with a Novel Hypnotic Procedure, Mutual Hypnosis." O artigo exemplifica as técnicas e interesses da pesquisa paraspsicológica.

A experiência cientifica de Tart envolveu duas pessoas, ou Ss S é a notação cientifica para um sujeito. Parece que os parapsicólogos acham que um S é igual a qualquer outro S pelo que bastam dois para uma experiência científica. O que é verdade para um S é provavelmente verdade para qualquer outro S. Mas podemos chamar-lhes A e B. Tart fez A hipnotizar B. Então, sob hipnose, B hipnotizou A. A aprofundou o estado hipnótico de B; B aprofundou o de A, e por aí fora. Tart afirma que o que estava a testar era a afirmação de que "a profundidade de hipnose de um S pode atingir um factor relativamente constante para um dado S." Ele queria ver se podia aumentar a profundidade de hipnose de um dado S tendo um S en rapport. (francês fica sempre bem num trabalho cientifico.) Rapport é definido como "a relação especial suposta existir entre hipnotista e S." Afirma Tart: "Raciocinei que se o rapport era maior em estados hipnoticos profundos, uma tecnica que aumentasse o rapport deveria aumentar a profundidade da hipnose." (292) Sem sombra de duvida.

A sua experiência consistiu em três sessões com três estudantes durante vários meses. Começou com apenas dois mas "por acaso Carol participou na segunda sessão experimental." (293) Que fisico escreveria num trabalho cientifico "mas vários átomos vagueavam inadvertidamente pelo laboratório no momento crucial pelo que os incluimos no estudo"?

Podemos perguntar como se mede a profundidade da hipnose. Bem, não há realmente nenhum meio de medi-la, visto não ser um estado como dormir ou acordado. Não se preocupe; Tart inventou um meio da a medir. Diz mesmo que está a preparar um relatório sobre a sua invenção. O cerne da argumentação, diz, é "que o grau de hipnotização que um S comunica pode ser usado como critério de hipnose..." Ele chama-lhe Self-Report Depth Scale. (Soa muito cientifico.) Ele deu aos seus sujeitos uma complicada escala que vai de 0 (estado acordado) a 50+ (transe extremamente profundo, em que a sua mente se torna naturalmente lenta"). Há sete niveis de profundidade nesta escala. Uma pessoa acordada e atenta teria dificuldade em recordar os diferentes niveis. Porquê pensar que alguem hipnotizado a consegue recordar? Pior, que provas existem de que dois Ss diferentes a apliquem do mesmo modo?

De qualquer modo, Bill e Anne, os dois Ss, não tiveram problemas em responder com numeros quando lhes perguntavam quão hipnotizados estavam. Anne respondeu com 27, 40, 43, 47, 32, 48, e outros valores. Bill respondeu com 13, 36, 43, 47, 25, 57, 48, 53, 12 e outros numeros. O que significam estes numeros? Quem sabe e que importa. Tart não controlava os seus sujeitos. Tanto quanto sabia podiam estar a injectarem-se com LSD mesmo antes de começarem as sessões. Ele afirma que os sujeitos alucinavam durante as sessões de hipnotização mutuas. Embora se possam achar estes relatos interessantes ou divertidos, não há nada de cientificamente interessante neles. Contudo, Tart concluiu: "Apesar de se basear apenas em dois Ss, os resultados foram suficientemente dramáticos para garantir investigação na hipnose mútua." (307) Ele nota mesmo que a hipnose mútua "pode oferecer um meio de produzir experiências psicadélicas em laboratório sem a ajuda de drogas e com mais flexibilidade e controle do quue é possivel com drogas." (308) Note a palavra pode. E também pode ser que não. Mas, mesmo se sim, para quê produzir experiências psicadélicas em laboratório, com ou sem drogas?

Quanto ao seu alegado interesse primário--aumentar a profundidade de hipnose de um dado S--ele afirma, "as possibilidades de aumentar substancialmente a hipnotização de um S que dão respostas moderadas são de analisar." Porquê? Não diz.

Os parapsicólogos teem uma visão extremamente lata do que conta como boa ciência. Por outro lado, para muitos não-parapsicólogos parece que não apenas podem fazer uma ciência de lixo, ou inventar terapias perigosas, como ainda se safam; parece ser a norma. É, pois, um campo que atrai uma série de aldrabões doutorados, o que é pena pois a mãe psicologia é tambem um campo com investigadores competentes e pensadores brilhantes que contribuem para uma melhor compreensão do comportamento humano, tal como para o bem estar de muitos pacientes que são ajudados por terapeutas competentes.

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