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Considera-se que um raciocínio é dedutivo quando, de
uma ou mais premissas, se conclui uma proposição que é conclusão lógica da(s)
premissa(s). A dedução é um raciocínio de tipo mediato,
sendo o silogismo
uma das suas formas clássicas. Veja-se o exemplo (de raciocínio
dedutivo/silogismo):
a) Todos os mamíferos são animais;
b)
Todos os gatos são mamíferos;
c) Todos os gatos são animais.
A proposição c) conclui-se logicamente das duas anteriores, em que estava
implícita.
||| Raciocínio: analogia, indução e dedução é o título de uma das rubricas da unidade lógico-argumentativa do actual programa (ano lectivo de 2001/02) de Introdução à Filosofia do 11º ano.
||| "A ciência deduz as proposições relativas aos factos singulares a partir de leis gerais, e deduz as leis a partir de enunciados nomológicos ainda mais gerais (princípios)" (O conhecimento científico).
||| Veja, na síntese do tema Ciência e hipótese (do programa de Introdução à Filosofia, do ano lectivo 2001/02), a questão do carácter indutivo/dedutivo da ciência.
Em O meu
dicionário filosófico (p. 78 ss), Fernando
Savater analisa as relações entre democracia e indivíduo,
afirmando que a contribuição primordial da democracia é a "invenção política
do indivíduo"; a democracia (grega) nasceu "como primeira generalização
política da autonomia
individual", retirando-lhe o carácter divino que os primeiros indivíduos
tinham.
Na sua
edição de 08/01/2000, o Expresso
publicou um editorial (assinado pelo director, José António Saraiva) em que se
"anunciava" (e justificava) a morte do Parlamento
-- "uma sobrevivência do século passado que já não corresponde às
necessidades, às exigências e ao ritmo da sociedade actual"; a sua função
teria passado para os "mass media". O
site Pátio
Público aproveitou o editorial para lançar o debate: estará
morta a instituição parlamentar? significará essa morte a morte da democracia?
||| | No texto A lógica filosófica, Júlio Sameiro recusa a oposição argumentação /demonstração. |
||| | Demonstração formal: sequência de fórmulas construídas a partir de símbolos dados (linguagem da teoria) que se encadeiam segundo regras de dedução especificadas pela teoria e decorrem dos axiomas que definem a teoria |
||| | Num dos seus capítulos, o livro A ciência tal qual se faz analisa o tema Demonstração e verdade |
||| | Ver Completude e Indecidibilidade |
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se
avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte,
os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas de um beijo
E é de seda vermelha
e canta e ri
E é como em cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejos...
E os meus braços
se estendem para ti...
(Florbela Espanca - Charneca em Flor)
Ver também: Amor, Aladino, Ali-Babá e o
texto de um teste
sobre o Górgias de Platão (para o
12º ano)
O que
nos permite falar em erotismo virtual é o
facto de o desejo estabelecer sempre uma relação com algo que está ausente.
Contrariamente ao determinismo,
(que se aplica sobretudo aos acontecimentos naturais) o destino é uma lei
cega, fixada de antemão, que o homem não conhece e à qual está sujeito e não
consegue escapar (ver, como exemplo, Édipo, o herói
da tragédia grega). Como tal, significa uma recusa da liberdade.
O livro A Moral
Antiga de Léon Robin dedica ao tema algumas páginas: O voluntário e o
involuntário; destino e liberdade
(p. 126-139). Faz-se nelas um percurso pela filosofia (grega) clássica,
começando em Sócrates,
que identifica o involuntário com a ignorância. Platão
mantém-se fiel a esta concepção, defendendo que tal ignorância é o resultado
de uma má constituição física ou de má educação (ver Hípias II).
Retomando esta perspectiva, Aristóteles
defenderá, além da ignorância, uma outra causa para o que é involuntário: o
constrangimento -- mas salienta que toda a opção moral é
voluntária.
Quando a especulação filosófica incide sobre a noção de Destino, o problema do voluntário/involuntário transforma-se num problema metafísico: o do livre arbítrio. O desenvolvimento da astrologia (a que os filósofos gregos, pelas suas doutrinas acerca da divindade dos astros, não são alheios) favoreceu a antiga crença de que, tal como as coisas estão sujeitas à necessidade que impõe a ordem à Natureza, também os homens têm a sua sorte, o seu "quinhão" (moira significa parte, porção de território / o que convém a cada um). Perguntam-se então os filósofos se existe em nós um poder capaz de vencer (ou, pelo menos, de se conciliar com) o destino.
Platão tenta satisfazer exigências contraditórias, balanceando-se entre a contingência e a necessidade. No famoso mito da República, Láquesis (uma das 3 Moiras) tem no seu regaço fichas para um sorteio -- símbolo da contingência -- e ainda "padrões" de existência; cada alma deve escolher o Génio (Demónio) que a acompanhará na sua existência, de entre uma série de escolhas, cuja ordem foi tirada à sorte. Uma vez realizada a escolha, toda a existência é necessidade. Ou seja, cada alma escolhe o seu destino, mas o destino escolhido é irrevogável: "Platão não pretende renunciar ao Destino e, por outro lado, quer tornar Deus inocente do mal que fazemos" -- numa atitude que "é, ao mesmo tempo, inspirada e arruinada pelo desejo de dar à moralidade um valor original" (p. 131) [ver livros I e X das Leis]. A escolha é "enfermidade" reservada às almas "que não participaram" da vida filosófica: os filósofos, esses estão isentos "desta enfermidade que é a liberdade infernal da escolha" (p. 132).
Aristóteles tem uma posição semelhante: a nossa moralidade e a nossa felicidade parecem estar nas nossas mãos, mas a nossa escolha faz-se entre possíveis e reporta-se a um acto futuro. A posição de Aristóteles é sobretudo uma posição contra certos socráticos: os filósofos da Escola de Mégara, defensores do fatalismo lógico. Para estes, "de dois futuros, apenas um é possível: aquele que, sendo verdadeiro para toda a eternidade (porque a verdade é una e absoluta), o é também para toda a eternidade real, excluindo o outro, por consequência, como seu contraditório" (p. 132). Porém, para Aristóteles, só "duas espécies de homens estão perante um único fim, perfeitamente determinado, actualmente activo sobre o seu espírito: o viciado, que se vincula ao objecto do seu vício, e o Sábio, que possui uma recta noção do acto que está em causa" (p. 133).
Atento ao fatalismo lógico dos megáricos (tal como ao "necessitarismo" físico de Demócrito) está também Epicuro, em cuja filosofia aparece um desejo profundo de liberdade individual, manifesto na crença (natural e primitiva) no poder do elogio ou da censura e dos conselhos relativos à conduta -- uma crença que implica a existência em nós de um factor de independência.
Se "deve encontrar-se em algum lado, no estado puro, a noção de liberdade moral, não será num dogmatismo, qualquer que ele seja, mas numa filosofia suficentemente audaciosa para sustentar, de um modo geral, que não existe verdade rigorosa, que nós próprios construímos as nossas certezas" (p. 135). Tal é a essência da doutrina de Carnéades que, depois de Arcesilau, continuou a desenvolver na Academia os aspectos "probabilistas" da filosofia de Platão -- simultaneamente contra o indeterminismo de Epicuro e, sobretudo, contra o determinismo especial dos Estóicos.
...dos Estóicos, sobretudo de Crisipo. Crisipo distinguiu o Destino da Necessidade: "esta, dizia ele, é o princípio de um 'constrangimento'; o Destino, pelo contrário, limita-se a 'ligar uns aos outros' acontecimentos, sendo cada um, em si mesmo, um puro possível" ('confatalidades', no dizer de Crisipo). Deste modo pensava evitar o fatalismo e a objecção do argumento preguiçoso (atitude de quem se limita a aguardar de braços cruzados o que lhe tocar em sorte): o Destino é apenas a causa próxima, isto é, uma condição antecedente necessária, ocasional e, por si mesma, insuficiente -- a causa principal, pelo contrário, exprime a espontaneidade própria do agente, determinando o efeito de um modo real. "Uma comparação famosa ilustrava essa concepção: um cone e um cilindro estão em equilíbrio no cimo de um declive; o equilíbrio é desfeito por um empurrão -- causa próxima --; os dois corpos rolam no declive; mas -- causa principal -- um rola como um cone, o outro como um cilindro" (p.138).
"Mas poderia perguntar-se a Crisipo (como, aliás, a Leibniz, a quem essa doutrina influenciou profundamente): que liberdade é essa, que em nada mais consiste do que em consentir naquilo que, sem nos constranger, no entanto, nos determina?" Aqui se constata "o profundo amoralismo da moral estóica" (p. 139) -- amoralismo em que tropeça igualmente a filosofia de Plotino (que escreveu um tratado sobre o Destino).
Citação: "O
destino o que é senão um embriagado conduzido por um cego?" (Mia COUTO -
Terra Sonâmbula. 2ª ed. Lisboa: Caminho, 1996, p. 217).
Bachelard
opõe o devaneio
poético ao devaneio da sonolência.
Originalmente, o termo (que tem origem grega) significava discorrer com, isto é, trocar impressões, conversar, debater... dialogar. Evolui, entretanto, para um sentido mais preciso, designando "uma discussão de algum modo institucionalizada, organizando-se -- habitualmente em presença de um público que acompanha o debate -- como uma espécie de concurso entre dois interlocutores que defendem duas teses contraditórias. A dialéctica eleva-se, então, ao nível de uma arte, a arte de triunfar sobre o adversário, de refutar as suas afirmações ou de o convencer" (BLANCHÉ, Robert - História da Lógica de Aristóteles a Bertrand Russel. Lisboa: Edições 70, 1985).
||| Ver o quadro Argumentação e demonstração
Sobre a importância do
pensamento de Dilthey no desenvolvimento da Hermenêutica,
ler o texto A
Hermenêutica.
Na conferência Potenciar a
razão, Fernando Savater distingue opinião de
dogma.
A Inquisição
é exemplo dos perigos de transformação de uma verdade em
dogma (ler o texto As fogueiras da
Inquisição semeiam o terror).
"a ciência é aberta como
sistema, porque é falível, por conseguinte, capaz de progredir" (O conhecimento
científico).
Ver o texto Teresa, a
Filósofa (onde Fernando
Savater analisa a relação entre sexualidade
e mortalidade,
assumida em Dom João).
Edição
portuguesa: Dom Quixote. Lisboa : Clássica, 1991.
VerBergson.
A "filosofia duvida de
(isto é, desautoriza) os portadores do oráculo, os meros fabuladores,
os visionários, os pregadores de fé e obediência,
os que falam em nome do desconhecido e, do mesmo modo, os que não conhecem
maior argumento
do que a autoridade
academicamente avalizada, os possuidores de habilidades instrumentais que
aconselham a renúncia à teoria, os
especialistas que desacreditam a generalidade supra-específica do saber (ou,
pelo menos, da pergunta), os gestores de uma eficácia entendida como única verdade"
(Fernando SAVATER - O meu
dicionário filosófico, p. 77).
O texto Descartes
e o cepticismo discute as relações entre o pensamento de Descartes e
o cepticismo
(incluindo a diferença entre as dúvidas cartesiana e céptica).
[Actualização a 02/10/10]
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